domingo, 5 de junho de 2016

Pecados de uma nova era.


Eu gostaria de ser cego.Uma questão de preferência, e não auto-mutilação.Pessoas vem e vão aos montes,em um piscar de olhos,mas o que fica é um gosto ruim na boca.

Elas vem e vão ininterruptamente,tão rápido que não da para se acostumar.Fui convencido de que se acostumar é um dos grandes males da convivência: está ai na TV,nas peças,filmes,anúncios,música,poemas e gestos.Quem começou com essa ideia é uma incógnita para mim,e o que ganha-se com isso também.Mas ganha-se algo de qualquer coisa,do contrário,para quê o esforço de cria-lá?

Elas vem e vão no ritmo dos dias,das horas...não consigo as aceitar.Era bom no inicio,foi o que me disseram,mas já estou enjoado de não aceitar.Não aceitar está na moda.Odeio moda.

Elas vem e vão,e não ir atrás delas deve ter haver comigo.Será que eu consigo me aceitar?Tenho que ponderar sobre muitas coisas.Temos que ponderar sobre muitas coisas.Mas parece que tal fardo só recai sobre mim.

Elas vem e vão,essas pessoas,e eu gostaria de tomar seus olhos emprestados - ou a força mesmo - e as enxergar.É mais fácil aceitar pra você?Seus olhos fariam ser mais fácil pra mim?

Elas vem e vão,e talvez se eu ficasse cego,as enxergaria de uma forma natural,orgânica,sincera.Ainda existe algo orgânico no mundo?Ou a cultura substitui e industrializa o sentir também?Talvez só o meu sentir esteja errado,e minha vida seja vivida no descompasso.Eu peco.

Posso pegar seus olhos emprestados?A vista vai ser bonita.Eles vem e vão,mas não registram nada.Eles aceitam.

Aceitam?

Eu vou arriscar.