terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Andar e (ir) divagar




Andar depressa,não devagar,
é a diferença
entre ir
e divagar.

Um reflexo no turvo espelho
que exibe  comportamentos,
o indicador de propósito está no vermelho
mas insistem em velhos argumentos.

Não há algo claro,
só resta uma luz no escuro,
necessitam de amparo
enquanto mascam o amargo orgulho.

Há quem acuse de ir na contramão
um pequeno ponto veloz
que rompe o mar de indecisão:
tudo que ele vê é um farol na escuridão.

Um claro ato desafiador,
nega a rendição ao estupor.
Sintoma de se curvar
é incisivamente reprovar.

Ora,se há uma diferença entre andar e se locomoverem
deve ser algo para no minimo tomar-se nota;
reproduzida em laboratório de múltiplos viveres
e talvez a vida deixe de ser tardiamente percebida como mera anedota.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Sobre o porque de nunca perguntar a alguém sobre o que a criação artistica dele fala

Porque ás vezes é um espasmo involuntário
intrínseco ao interior mais profundo,
E mesmo que se assemelhe a um desvario
é a coisa mais sensata do mundo
                                                            [mesmo que o mundo particular desse autor


Pode não dizer nada a você
ou para o ''grosso'' público,
mas a quem se relacione
e entenda perfeitamente

o que tentam dizer

aqueles versos
aqueles traços
aquelas cores
aqueles ritmos
aquelas dores

O grito máximo existencial
a ciência não explica,
quiçá é ele o tal
que nossa vida dignifica.

Ser arte
de vanguarda ou tradição
é uma forma metafísica
de expor o coração.


“Não há nada para escrever. Tudo o que você precisa fazer é se sentar em frente de sua máquina de escrever e sangrar”
 – Ernest Hemingway

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Sobre a noção da morte e porque devemos altera-lá




As pessoas,principalmente por aqui tem a noção da morte como uma vaga e distante possibilidade,e eu não serei hipócrita de me colocar acima disso:se estou em casa e me sentindo relativamente bem,estou seguro,nenhuma intempérie da vida me alvejará.
Entretanto,ao pegar um ônibus,ao ir comprar algo na padaria ou mercado mais próximo,andar na rua,ir a um show,o que for;se estou lá fora já prevejo inúmeras possibilidades.Às vezes até em casa,mesmo uma mudança de ânimo incontrolável  ou uma notícia na televisão deixa-me indagar a possibilidade de deixar esta ''dimensão'',por causa natural ou pela ação do meu tão amado mais próximo.

Mas essa forma de pensar está profundamente errada,em seu âmago,em seu cerne.As pessoas que vejo ao  pegar um ônibus,ao ir comprar algo na padaria ou mercado mais próximo,andar na rua,ir a um show,o que for, provavelmente estão cientes de que qualquer um de nós pode morrer daqui a 10 segundos,10 minutos,1 hora,1 ano,10 anos...Apenas não percebem que a morte se apresenta em todas as formas e aspectos: ela está diluída e escondida ao nosso redor,nos cercando.Ela não se apresentará de forma violenta,destruindo tudo em seu caminho pois ela já está ao nosso lado como companheira,e combate-lá é inútil.


As pessoas que vejo na rua ao pegar um ônibus,ao ir comprar algo na padaria ou mercado mais próximo,andar na rua,ir a um show,o que for,acusariam-me de louco,depressivo,herege,hipocondríaco,insatisfeito e do topo de sua certeza ansiosamente me apresentariam o caminho da igreja ou do manicômio se eu partilhasse essa ideia tão lúgubre.


Eu não veja essa ideia como pessimista,mas sim como otimista pois livraria nossa cabeça inebriada pelo medo tamanho construído em torno dessa noção,já que apenas tememos aquilo que é estranho e distante da nossa realidade.O medo que a sociedade constrói não é de algum acontecimento em si,e sim da sombra desse acontecimento,que se projeta maior conforme o imaginário popular a alimenta.Ao despender uma energia menor por deixar de combater um fato inevitável,o homem estaria livre de mais uma amarra para viver de forma capaz e plena enquanto nossos pulmões ainda se enchem de ar.